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Luto e Melancolia: o amor que permanece quando tudo se vai

Atualizado: 30 de out.

Um ensaio psicanalítico sobre a dor, Freud e a formação de quem escuta o que não tem nome)


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Página do autor do artigo: www.amazon.com.br/stores/author/B0BZM6LHMH


Descubra o sentido do luto e da melancolia sob a luz de Freud. Um ensaio poético e profundo sobre a psicanálise, a dor da perda e o caminho da formação em psicanálise na ABRAFP.



1. Quando o mundo cala e o coração continua falando

Há dores que não pedem explicação. Pedem silêncio. Presença.

O luto é uma dessas dores — uma ferida que não sangra para fora, mas pulsa por dentro, lembrando-nos de que o amor, mesmo ferido, continua vivo.

Vivemos numa época que não sabe esperar. O mundo quer que a dor tenha prazo, que a saudade se cale em sete dias úteis, que o coração se reorganize entre uma meta e um post. Mas o luto não se organiza — ele desorganiza, para que algo novo possa nascer.

Freud compreendeu isso profundamente. Quando escreveu Luto e Melancolia, em 1917, não falava de uma tristeza qualquer, mas de um fenômeno humano que atravessa corpo, mente e linguagem. O luto, para ele, é o gesto da alma tentando compreender o que o corpo ainda não aceita: que algo se foi para sempre — e que, de algum modo, ainda assim, precisamos continuar.


 Aprofunde-se onde o pensamento encontra o inconsciente.

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2. Freud e o nascimento de uma escuta para o indizível

Quando Freud abriu as portas do inconsciente, inaugurou também uma nova forma de escuta: a escuta do indizível.


O texto Luto e Melancolia é uma das obras mais delicadas de Freud, porque fala de algo que toca a todos — o vínculo entre amor, perda e identidade.


Ele explica que, no luto, o sujeito precisa retirar, pouco a pouco, o investimento libidinal do objeto perdido. É um processo simbólico: o amor não morre, mas muda de lugar.


Já na melancolia, o sujeito se identifica com o objeto perdido. A sombra do objeto cai sobre o Eu, e o que antes era amor se transforma em acusação interna. O sujeito começa a se punir como se fosse o culpado pela perda — é o amor voltado contra o eu.


Assim, Freud nos mostra que a melancolia é uma forma de luto congelado, um amor que não consegue se despedir, e por isso se transforma em dor que não cessa.



3. O luto: o amor tentando sobreviver à ausência

O luto é o avesso do amor. Não é negação da vida — é a vida lembrando que ama.

Quando alguém se vai, o mundo perde uma forma. As cores se apagam. O corpo se sente estrangeiro dentro de si. Mas o que mais dói não é o que se perdeu — é o que permanece, sem poder ser oferecido.


Amamos ainda, mas sem destinatário. Queremos cuidar, mas não há mais quem receba. O luto é o excesso do amor diante da impossibilidade.


Freud chamava isso de “trabalho do luto”: a tarefa de dar forma ao caos, palavra ao abismo, sentido ao silêncio. Não é uma fase a ser superada — é uma travessia. O luto exige tempo, elaboração e escuta.


A psicanálise nasce exatamente nesse espaço: no tempo em que a dor precisa ser falada para ser transformada.



4. Melancolia: quando o amor se volta contra o eu

Na melancolia, o sujeito não apenas sente falta — ele se sente culpado pela falta. O amor e o ódio se confundem, e a dor se transforma em acusação interna.


Freud observou que, enquanto o luto busca se desligar do objeto, a melancolia o mantém dentro, como se fosse parte do próprio eu. O resultado é devastador: o sujeito passa a se odiar no lugar de amar.


Lacan, mais tarde, ampliaria essa visão, explicando que a melancolia é o momento em que o sujeito se identifica com o objeto perdido e perde o desejo. O gozo se transforma em culpa, e o desejo, em dívida.


A psicanálise não julga esse sofrimento — escuta-o. Porque só escutando o que dói é que o sujeito pode reencontrar o desejo de viver.



5. A psicanálise e o dom da escuta

A psicanálise nasceu da escuta do sofrimento. Freud não criou um dogma, mas uma forma de estar diante da dor sem apressá-la.


Ser psicanalista é aprender a ouvir o invisível — o que se repete nos lapsos, o que se confessa nos sonhos, o que se revela nos silêncios. É ouvir o luto do outro e, ao mesmo tempo, reconhecer o próprio.


A formação em psicanálise é, antes de tudo, uma jornada de autoconhecimento. Ela ensina a sustentar o tempo da dor, a respeitar o ritmo do inconsciente e a reconhecer que curar não é apagar o sofrimento, mas escutá-lo até que ele se transforme em sentido.



6. O corpo em luto: quando a alma dói na carne

O corpo também sente o luto. Ele se curva, perde apetite, esquece o sono. A psicanálise entende que o corpo fala — e cada sintoma pode ser uma forma de expressão do inconsciente.


A dor física muitas vezes é a tradução de uma dor simbólica. O corpo em luto tenta, com seus gestos, recuperar uma presença que o olhar já não encontra.


No consultório psicanalítico, esse corpo é escutado. Não com remédios, mas com palavras e tempo. Porque o luto não se cura — ele se atravessa.



7. A sociedade do esquecimento: o luto interditado

Vivemos numa cultura que não suporta a dor. A sociedade moderna, hiperconectada e acelerada, transformou o luto em tabu. Há quem ache que chorar é fraqueza, que sofrer é atraso, que a melancolia é perda de tempo.


Mas negar o luto é negar a própria humanidade. E é dessa negação que nascem as formas modernas de sofrimento: ansiedade, depressão, vazio existencial.


Freud já dizia: “O Eu não é senhor em sua própria casa.” E é por isso que a psicanálise continua necessária — porque ela devolve ao sujeito a capacidade de escutar o que foi calado.



8. A formação do psicanalista: aprender a escutar o abismo

O verdadeiro analista é aquele que já caminhou pelo próprio luto. A formação em psicanálise não é apenas um curso teórico — é uma travessia interior.


Estudar Freud, viver a própria análise e compreender o inconsciente são etapas de uma mesma viagem. A formação do psicanalista é também uma elaboração simbólica do próprio sofrimento.


Na ABRAFP, essa jornada é viva: o aluno não apenas estuda a teoria — ele vive a psicanálise. Passa pela análise pessoal, pela supervisão clínica e por um mergulho profundo na escuta.


O resultado é um profissional sensível, ético e humano — capaz de acolher o luto e a melancolia sem medo, e transformar o silêncio em palavra.



9. Quando o luto encontra a palavra

A análise é o espaço onde o luto se transforma. O sujeito chega tomado pela ausência, e, pouco a pouco, a fala começa a costurar o que estava rasgado.


Freud dizia que o “trabalho do luto” liberta o Eu para novos investimentos. Isso significa que, quando o sujeito fala, ele devolve vida àquilo que estava morto dentro de si.


A psicanálise é esse lugar: onde a palavra resgata o que o tempo levou. Não se trata de esquecer — mas de reencontrar o amor em outra forma.



10. A travessia: onde termina a dor e começa o sentido

Há um instante em que a dor deixa de ser apenas dor e se transforma em sabedoria. O luto, quando atravessado, ensina a viver com profundidade. A melancolia, quando escutada, revela o amor que ainda pulsa.


A psicanálise, quando vivida, transforma sofrimento em linguagem — e linguagem em vida. Por isso, quem se forma psicanalista não aprende apenas a ouvir o outro, mas também a si mesmo.


Freud abriu essa porta há mais de um século. E cada nova formação em psicanálise é uma continuidade desse gesto: a coragem de escutar o que o mundo tenta silenciar.



11. Convite à escuta e à formação

Se este texto falou com você, talvez a psicanálise também esteja te chamando. Porque estudar Freud é mais do que entender a mente — é compreender a alma humana.


A formação em psicanálise é uma jornada de escuta, transformação e sentido. Um espaço para quem deseja aprender a acolher o sofrimento, inclusive o próprio, e fazer disso um caminho de amor e consciência.


👉 Conheça o Curso de Formação em Psicanálise da ABRAFP: www.abrafp.org/curso-de-psicanalise

“A psicanálise não ensina a fugir da dor. Ensina a atravessá-la com olhos abertos.”



12. Conclusão: o que o luto ensina ao amor

O luto nos ensina que o amor é mais forte que a presença. A melancolia nos mostra que o amor, quando não escutado, se volta contra nós. E Freud nos lembra que a cura não é o fim da dor, mas o reencontro com o desejo de viver.


Ser psicanalista é transformar a escuta em abrigo. Entre o que parte e o que permanece, há sempre um espaço de reconstrução — e é nesse espaço que a psicanálise habita.


Conheça também os livros do autor deste artigo, Deivede Eder Ferreira, disponíveis na Amazon — obras que unem psicanálise, filosofia e alma humana.






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Depoimentos dos Psicanalistas
Formados pela ABRAFP

Depoimento dos alunos

Marcelo da Costa

Psicanalista

Gostaria de expressar minha imensa gratidão à ABRAFP e à sua equipe excepcional, especialmente ao professor Diovane Avelino Souza, à psicanalista Andrea Machado Coutinho e à Ariana Morgado pelo seu dinamismo e dedicação.

A minha formação como psicanalista pela ABRAFP foi uma experiência enriquecedora que guardarei para sempre na memória. A instituição se destaca por ser comprometida em tempo integral com a formação dos seus alunos e oferecer um atendimento eficiente, respondendo às dúvidas e necessidades de forma ágil.

 

Além disso, a plataforma de ensino a distância oferecida pela ABRAFP é excepcional, permitindo aos alunos navegarem com precisão e flexibilidade, permitindo que cumpram todas as etapas necessárias para a sua formação e concluam seus trabalhos de forma eficiente.

Não posso deixar de mencionar a minha admiração pelo trabalho inspirador realizado pela ABRAFP e sua equipe especial. Estou profundamente agradecido pela oportunidade de fazer parte desta instituição excepcional.

Depoimento dos alunos

Érica Pires Conde

Psicanalista

A minha formação como psicanalista na ABRAFP foi uma experiência incrível e essencial para a minha carreira. A matriz curricular da instituição permitiu-me ter múltiplos olhares e estudar as teorias de grandes nomes da psicanálise, como Freud, Lacan, Winnicott, Melaine Klein, bem como as de psicanalistas contemporâneos.

Durante a minha formação, fui acompanhada por tutores experientes, que me avaliaram em dois momentos importantes: na análise pessoal e na supervisão. Na última etapa, percebi a importância do tutor em orientar os meus passos no setting proposto e avaliar o meu desempenho nas sessões.

A comunicação com a equipe ABRAFP foi excelente. Destaco a excelência dos serviços prestados pela psicanalista Ariana Morgado e pelo psicólogo e psicanalista Fabrício Leão Paes, que foram fundamentais para o meu aprendizado e desenvolvimento pessoal e profissional.

Em resumo, sou profundamente grato à ABRAFP por ter me proporcionado uma formação tão completa e enriquecedora. Sem dúvida, esta experiência será valiosa ao longo de toda a minha vida profissional.

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Estado: São Paulo
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Polo Belo Horizonte
Estado: Minas Gerais
Para informações sobre matrículas no polo de Belo Horizonte, localizado na Rua Carijós, nº 424, Bairro Centro, CEP 30120-901, em Minas Gerais, contate-nos via WhatsApp: +55 (31) 3157-0832

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